A guerra da Rússia na Ucrânia levou a um aumento nos preços da energia que a Europa mal pode pagar.

Pela primeira vez em 20 anos, o euro atingiu a paridade com o dólar americano, perdendo cerca de 12% desde o início do ano.Uma taxa de câmbio de um para um entre as duas moedas foi vista pela última vez em dezembro de 2002.

Tudo aconteceu incrivelmente rápido.A moeda europeia estava sendo negociada perto de 1,15 em relação ao dólar em janeiro - então, a queda livre.

Por que?A invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro levou a um rápido aumento nos preços da energia.Isso, junto com o aumento da inflação e os temores de uma desaceleração na Europa, provocou uma liquidação global do euro.

“Houve três poderosos impulsionadores da força do dólar em relação ao euro, todos convergindo ao mesmo tempo”, observa Alessio de Longis, gerente sênior de portfólio da Invesco.“Um: o choque de oferta de energia causado pelo conflito Rússia-Ucrânia causou uma deterioração significativa na balança comercial e na conta corrente da zona do euro.Dois: as crescentes probabilidades de recessão estão levando a fluxos de refúgios globais para o dólar e ao acúmulo de dólares por investidores estrangeiros.Três: Além disso, o Fed está aumentando as taxas de forma mais agressiva do que o BCE [Banco Central Europeu] e outros bancos centrais, tornando o dólar mais atraente”.

Em junho, o Federal Reserve anunciou o maior aumento de juros em 28 anos, e mais aumentos estão por vir.

Por outro lado, o BCE está ficando para trás com suas políticas de aperto.Uma inflação alta em 40 anos e uma recessão iminente não estão ajudando.O gigante bancário global Nomura Holdings espera que o PIB da zona do euro caia 1,7% no terceiro trimestre.

“Vários fatores estão impulsionando a taxa de câmbio euro-dólar, mas a fraqueza do euro é impulsionada principalmente pela força do dólar”, diz Flavio Carpenzano, diretor de investimentos de renda fixa do Capital Group.“A divergência no crescimento econômico e a dinâmica da política monetária entre os EUA e a Europa podem continuar a apoiar o dólar em relação ao euro nos próximos meses.”

Muitos estrategistas esperam um nível bem abaixo da paridade para as duas moedas, mas não a longo prazo.

“No curto prazo, deve haver mais pressão para baixo no câmbio euro-dólar, para atingir potencialmente a faixa de 0,95 a 1,00 por um período”, acrescenta de Longis.“No entanto, à medida que os riscos de recessão se materializam nos EUA, no final do ano, é provável uma recuperação do euro.”